Em pesquisa
realizada por TIC educação dados apontam para um aumento expressivo no acesso à
internet em escolas públicas e particulares. A pesquisa foi realizada no ano de
2016 em um total de 1.106 escolas, da qual participaram 935 diretores,922
coordenadores pedagógicos,1854 professores de língua portuguesa, matemática e
multidisciplinares e 11.069 alunos de 5º e 9º ano do ensino fundamental e 2º
ano do ensino médio.
Entre as instituições pesquisadas
constatou-se um aumento relativo ao acesso à internet em relação ao ano de
2015, porém, a pesquisa também aponta que este acesso em sua quase totalidade
encontra-se restrito a locais como sala da coordenação, direção e laboratórios
de informática. Portanto, convém a seguintes indagações. Em relação ao processo
educacional e a utilização de mídias como ferramenta de auxilio, como se dá
esta relação considerando-se este aumento na possibilidade de acesso? Os
profissionais envolvidos no processo estão capacitados a utilização desta nova
ferramenta de forma eficaz e produtiva? A atual forma com que as escolas estão
estruturadas possibilita a utilização deste tipo de recurso? Estas são algumas
das temáticas que iremos abordar neste editorial.
Iniciaremos nossa análise pelo fator que
talvez se constitua o mais importante neste contexto, que se trata da atual
estrutura de funcionamento das escolas, e para isto precisamos recorrer a duas
definições que utilizaremos como base de nossa argumentação.
A primeira definição é a de educação. Que
segundo dicionário pode ser definido como o ato ou processo de educar(-se),
aplicação de métodos próprios para assegurar a formação e o desenvolvimento
físico intelectual e moral de um ser humano; pedagógico, didática, ensino. A
segunda definição comumente encontrada em dicionários é a de escola, que é
definida como estabelecimento público ou privado destinado ao ensino coletivo.
Sistema, doutrina ou tendência estilística ou de pensamento de pessoa ou grupo
de pessoas que se notabilizou em algum ramo do saber. O que serve para
transmitir conhecimento, experiência, instrução.
Da
junção destas duas definições podemos assim dizer, surge o que denominaremos de
objetivo geral e social da escola, que seria a garantia de condições para que
os alunos desenvolvam suas capacidades e aprendam os conteúdos necessários para
a vida em sociedade, promovendo o exercício da cidadania a partir da compreensão
da realidade segundo (Constituição Federal/ 1988 e LDB/1996) porém, o que a
realidade mostra é que este caráter da escola não ultrapassa o limite da ideologia
pois ela se encontra incapaz de exercer minimamente o seu princípio ideológico,
e isto se deve a diversos fatores tais como, o fato de as políticas
educacionais serem elaboradas por pessoas que não são da área da educação e
cuja os interesses encontram-se diretamente ligadas ao cumprimento de metas
internacionais estabelecidas e ao atendimento da demanda de necessidade de
particulares.
A não valorização dos profissionais de
educação e o não comprometimento com a instituição escola em si, a
desconsideração dos aspectos social da comunidade escolar e suas necessidades,
a falta de investimento em infraestrutura e a falta de compromisso com os
princípios ideológico da constituição federal, constitui para a formação de uma
escola basicamente voltada para comprimento de índices estabelecidos em
avaliações anuais tais como provas Brasil e etc.
O segundo aspecto a se considerar é o fato
de os profissionais de educação estarem ou não preparados para a utilização de
novos recursos e mídias no processo de ensino. Segundo (José Libâneo) “a
qualidade das aprendizagens dos alunos depende da qualidade do desempenho
profissional dos professores e essa qualidade no geral tem sido extremamente
precária”, segundo o mesmo a pesar de existirem alguns profissionais de bom
nível de competência e habilidade, no geral a formação dos professores apresenta
uma grande deficiência de formação inicial e as ofertas de formação continuada
são insuficientes. Aliando-se a isto o fato de especialmente nas escolas
públicas grade parte do quadro de professores constitui-se de contratados
temporários, e que em muitos casos os mesmos são contratados após o início do
ano letivo, pode-se vislumbrar a impossibilidade de se fazer um planejamento a
longo prazo mais elaborado por parte do professor, aliado a falta de preparo
para se trabalhar com situações inesperadas e tendo a necessidade de se adequar
à realidade de cada escola, é de se esperar que os profissionais não se
encontrem preparados para o uso destas novas ferramentas.
Os aspectos abordados anteriormente
contribuem para a formação de um cenário que responde a nossa última indagação,
apesar de a pesquisa apontar para um aumento no acesso à internet, este aumento
efetivamente não implica na utilização dos novos recursos e possibilidades que
vêm juntamente com os mesmos. O fato deste acesso estar restrito principalmente
a salas de informática e ao fato de os professores não estarem preparados, e em
alguns casos não possuírem tempo efetivo para a elaboração de um projeto para a
utilização de forma efetiva das mídias no processo educacional. Indica que esta
relação de aumento não implica em utilização de mídias como elementos
auxiliares no processo de aprendizagem.
Uma possível solução embora de caráter
paliativo, poderia ser a adoção de política de incentivo a formação continuada
dos profissionais de educação, assim como a valorização de cursos que tenham
como objetivo o aprimoramento profissional, a valorização da categoria que
estimulasse um maior investimento na carreira por parte do professo, e no caso
dos contratado a possibilidade de estes mesmo contratos serem estendidos por
maior período que simplesmente um ano letivo, mediante avaliação conjunta da
comunidade escolar e do profissional de educação quanto a efetividade de sua
intervenção pedagógica na instituição.
Por: Lúcio Mauro
Fernandes
Referencias :